| PERGUNTAS/RESPOSTAS 
        SOBRE A ENERGIA ELÉTRICA2.a Parte
 
        Elétrica 
        Jorge Knirsch Introdução 
        
         No 
        último artigo, tratamos de um dos problemas importantes da energia 
        elétrica no Brasil: a proliferação dos harmônicos na rede. Este assunto 
        está suscitando grandes discussões nos meios da engenharia acadêmica e 
        mostrando também um certo desconhecimento no meio do áudio e do vídeo. 
        Por exemplo, a grande interferência que os harmônicos podem provocar no 
        áudio e no vídeo e no meio elétrico de forma geral não é conhecida pelo 
        grande público. Quando afirmamos que a acústica e a energia elétrica são 
        os dois fatores, nesta ordem, que maior influência têm na reprodução e 
        na gravação do som e da imagem, estamos nos referindo, na parte da 
        energia elétrica, aos harmônicos existentes na rede como sendo os que 
        trazem os maiores problemas. Por este motivo, no próximo artigo, vamos 
        aprofundar o assunto dos harmônicos da rede elétrica, para torná-lo mais 
        conhecido a nós, audiófilos, e também, ao meio elétrico de forma geral, 
        para que possamos, em conjunto, sensibilizar os meios competentes a 
        tomarem as medidas necessárias, no sentido de minimizar o seu conteúdo 
        na rede de distribuição de baixa tensão, o qual vem crescendo nos 
        últimos anos. Esta problemática se evidencia em vários outros campos 
        além do áudio e do vídeo como, por exemplo no campo da medicina, no uso 
        dos aparelhos eletrônicos de precisão, que sofrem interferências nos 
        seus processamentos eletro-eletrônicos internos devido aos harmônicos da 
        rede elétrica. Em especial, aprofundaremos o tema do espectro harmônico 
        e o porquê das fontes de alimentação não conseguirem – ou conseguirem 
        apenas parcialmente – eliminar esses harmônicos e transientes, os quais 
        terminam chegando aos circuitos eletrônicos dos equipamentos, 
        acrescentando intermodulações e distorções. Vamos agora dar seqüência às perguntas e 
        respostas a respeito da energia elétrica. Noto que há muito assunto para 
        escrever e vamos percorrer várias áreas deste fascinante campo, trazendo 
        alguns aspectos técnicos a diversas situações práticas. Além do contato 
        com os nossos leitores, tenho acompanhado os debates em revistas, em 
        grupos de áudio/vídeo e até em jornais e aqui vamos procurar responder 
        às perguntas que mais têm sido feitas. Creio que este artigo virá 
        aclarar algumas dúvidas.
 No Breaks na Alimentação
        
        Pergunta: 
        É recomendável se instalar no breaks na alimentação da 
        energia elétrica para os equipamentos de áudio e vídeo? Se, por exemplo, 
        surgisse um ruído no meu sistema, a instalação destes equipamentos não 
        poderia resolver o problema? 
        
        Resposta: 
        Infelizmente temos que responder que não é recomendável a utilização de
        no breaks em nossos sistemas. Em primeiro 
        lugar, a causa do ruído pode ter origens que os no breaks, 
        inclusive os chamados no breaks senoidais não têm 
        condições de resolver. Em segundo lugar, estes aparelhos causam novos 
        problemas, acrescentando harmônicos à energia elétrica, que se refletem 
        na piora da qualidade do som e da imagem. Muitas vezes, para aumentar a 
        durabilidade da lâmpada do projetor, procura-se usar no breaks para que, na falta eventual de energia, a 
        ventoinha do projetor, ainda funcione, refrigerando a lâmpada 
        adequadamente. Acontece que bons no breaks, custam muito 
        mais caro do que algumas eventuais trocas da lâmpada. Portanto, mesmo 
        nestes casos, não recomendamos seu uso. Como o ruído em um sistema pode ter 
        várias origens, vamos inicialmente analisar as causas mais prováveis 
        desses sons indesejáveis, pois se fôssemos abordar as inúmeras 
        possibilidades, dariam para escrever um livro e mesmo assim não 
        esgotaríamos o assunto. Menciono, como primeiro possível motivo, a 
        qualidade dos contatos elétricos de forma geral. Para se evitar 
        problemas, todos os contatos deverão ser bem feitos! Maus contatos podem 
        originar harmônicos e ruídos. Um bom contato elétrico depende dos 
        materiais utilizados que, de preferência, deverão ser de cobre, prata, 
        ouro, ou de ligas advindas desses materiais. Além disto, este contato 
        precisará ter uma boa área de aderência entre as partes e deverá haver 
        boa pressão entre os materiais. Quanto maior a pressão entre as partes, 
        mais baixa será a resistência elétrica e, em conseqüência, melhor será o 
        contato elétrico. Não há nada que supere um bom contato elétrico, feito 
        com bons materiais, área suficiente de contato e boa pressão entre as 
        partes. Todo bom contato elétrico é melhor do que os contatos soldados. 
        É claro que poderemos fazer um bom contato elétrico e depois soldar a 
        junção, com o intuito de lhe dar maior durabilidade. Porém um contato 
        apenas soldado, sem observância dos itens anteriores, a saber: material, 
        área e pressão entre as partes, não será uma boa junção elétrica. Falo 
        isto porque muitos fabricam seus próprios cabos e até aparelhos e os 
        maus contatos podem ser a origem dos ruídos e zumbidos nas caixas 
        acústicas.
 Outro aspecto que tem se tornado cada 
        vez mais freqüente é a interferência eletromagnética que vem pelo ar, 
        normalmente oriunda de antenas de rádio e de antenas de retransmissão, 
        ou que surge entre os próprios aparelhos. As ondas eletromagnéticas 
        entram nos aparelhos e ali muitas vezes provocam fenômenos eletrônicos, 
        que ocasionam ruídos nas caixas acústicas. Essas interferências podem 
        inclusive se transformar nos sons de uma estação de rádio, bem audíveis 
        e com bom volume. Se este for o caso, será necessário fazermos um bom 
        aterramento, ou poderá até mesmo haver a necessidade de construirmos uma
        gaiola de Faraday, a respeito da qual já falamos algumas 
        vezes.
 É importante se frisar que o aterramento 
        dos equipamentos, se não for realizado adequadamente, também poderá 
        gerar ruído. Mas quando realizado de forma adequada, promove um aumento 
        da nitidez geral do sistema, tanto no som como na imagem, sem ruídos.
 Além destes motivos, há alguns outros 
        casos, em relação ao aterramento, que poderão também gerar ruídos no 
        sistema. O mais freqüente acontece quando ligamos mais de um dos nossos 
        aparelhos ao terra, ocasião em que, inadvertidamente, propiciamos o 
        surgimento do famoso loop de terra. Em um sistema HT, 
        normalmente devemos ligar ao terra somente o amplificador de potência ou 
        o receiver, ou o processador, ou então o pré-amplificador. 
        Se ligarmos mais do que um aparelho, os ruídos poderão aparecer.
 Uma outra situação, um pouco mais 
        controvertida, ocorre quando o aterramento é ligado ao neutro, na 
        entrada da residência, ou do edifício. Neste caso, poderão até surgir 
        fortes ruídos nas caixas. Como nosso sistema de distribuição de energia 
        é aéreo, esta é uma das razões, entre outras, que faz com que o 
        aterramento em muitos lugares seja deficiente. Quando o neutro não está 
        suficientemente aterrado, o nível de ruídos que ele carrega consigo é 
        muito alto. Diferentemente, nos EUA e na Europa, onde o sistema de 
        distribuição de energia é subterrâneo, o aterramento do neutro é de 
        melhor qualidade. Mas mesmo assim, algumas empresas de áudio americanas 
        constataram que o nível de ruído existente no neutro ainda continua alto 
        e têm sugerido que se faça um terra independente para os sistemas de 
        áudio e vídeo, tanto para a gravação quanto para a reprodução. Um terra 
        independente permitiria uma grande redução dos ruídos de fundo do 
        sistema, aumentando consideravelmente o recorte dentro do palco sonoro. 
        Como estávamos comentando, a situação aqui no nosso meio não é boa. A 
        nova norma brasileira, NBR 5410, permite a realização de um sistema de 
        aterramento TT, onde o aterramento do fio terra fica independente do 
        aterramento do neutro, trazendo grandes vantagens no som e na imagem. 
        Penso que todos nós deveríamos fazê-lo, pois este aterramento é bem 
        próprio para sistemas eletrônicos sensíveis a ruídos, como é o caso dos 
        nossos sistemas de áudio e vídeo. Também lembramos aqui que é 
        recomendável, para qualquer sistema elétrico, a instalação de um bom 
        sistema de proteção contra raios e transientes, que no caso de 
        aterramento TT é mais relevante.
 Outro possível motivo de ruído em um 
        sistema, mas mais remoto de ocorrer, é quando um equipamento qualquer 
        apresenta um problema de deficiência de aterramento interno. Neste caso, 
        não tem jeito, teremos que trocar, ou consertar o tal equipamento.
 A verdade é que, se tentarmos intercalar
        no breaks, inclusive os chamados no breaks 
        senoidais em nossos sistemas, via de regra eles não 
        conseguirão resolver nenhum destes tipos mais freqüentes de ruídos que 
        nós acabamos de mencionar. Apesar de ambos os aparelhos gerarem um novo 
        AC, a qualidade deste AC é muito ruim, pior do que o da rede elétrica, 
        por conter um conteúdo harmônico muito alto, inclusive nos no 
        breaks senoidais. Estes equipamentos são aplicados 
        normalmente à indústria, onde a qualidade do AC não é tão crítica e a 
        distorção harmônica total (THD) é muito alta. No próximo artigo vamos 
        explicar o que vem a ser isso.
 Aterramento
        
         Pergunta: 
        Há alguma razão técnica que comprove ou confirme que um aterramento 
        feito com radiadores de carros, soldados entre si na forma de uma 
        estrela, é melhor do que um aterramento feito com as hastes próprias 
        para o terra? 
        
        Resposta: 
        Não há comprovação técnica que confirme esta idéia. O importante num 
        aterramento é que consideremos dois aspectos: o primeiro é a qualidade 
        do solo. Quanto melhor o solo, melhor será o aterramento que vamos 
        conseguir, usando a quantidade necessária de hastes de aterramento. 
        Solos úmidos e orgânicos, por exemplo, são muito bons, pois apresentam 
        baixa resistividade elétrica. Em segundo lugar, teremos que considerar a 
        área que será coberta pelo estaqueamento. Nos artigos anteriores, venho 
        sugerindo que se faça um triângulo eqüilátero de pelo menos 2m de lado. 
        Este seria o valor mínimo para um aterramento. É natural que, quanto 
        maior for o triângulo, ou seja, a área coberta, melhor será o 
        aterramento. Caso não seja possível se fazer um triângulo, o aterramento 
        poderá ser feito em linha reta, com um comprimento equivalente àquele do 
        triângulo, ou ainda maior. Um estaqueamento em “L” também é realizável. 
        O importante é que, quanto maior a área coberta pelas hastes 
        eletricamente interligadas, melhor será o terra. Sei de um caso que 
        necessitou 19 hastes em linha reta, por causa de um solo pouco adequado. 
        Outro caso necessitou de 12 hastes aterradas em triângulos defasados e 
        circunscritos. Houve um outro caso onde o audiófilo, que estava 
        construindo sua casa, aproveitou para usar a ferragem da base da casa 
        para fazer o seu aterramento. Isto, via de regra, dá excelentes 
        resultados! Muito importante nestes casos é que exista, na alimentação 
        no seu sistema, uma proteção adequada. Tudo isto nós fazemos para que a 
        impedância do aterramento seja a menor possível. Quanto menor for a 
        impedância, menores serão os riscos. A vantagem destes aterramentos com 
        hastes, em relação aos com radiadores, é que são mais baratos e 
        confiáveis, pois a limpeza e jateamento de radiadores é muito cara.
         
        
        Pergunta: 
        O que usar na entrada da energia do sistema: disjuntor ou fusível?
         
        
         Resposta: 
        Uma pesquisa realizada por audiófilos, na Alemanha, e publicada na 
        revista AUDIO alemã, mostrou que a utilização de fusíveis, no 
        lugar de disjuntores, na entrada específica da energia elétrica para a 
        sala de som, é o que traz melhores resultados sonoros. Este fato tem 
        comprovação técnica, pois a impedância interna do fusível costuma ser 
        menor do que a do disjuntor e, quanto menor for a impedância em série 
        com a rede, mesmo que ela seja muito pequena, melhor será o resultado 
        que obteremos. O disjuntor possui uma proteção de sobre-corrente e uma 
        bobina de curto circuito que tornam sua impedância mais alta do que a de 
        um fusível. Infelizmente, nem sempre é possível colocarmos uma 
        seccionadora com fusíveis NH na caixa de entrada de energia, devido ao 
        pouco espaço disponível. Não tendo fusíveis NH, poderemos usar fusíveis 
        Diazed ou Neozed. Caso não seja possível o uso da seccionadora, nem dos 
        fusíveis mencionados, poderemos, em último caso, utilizar então um bom 
        disjuntor. 
        
        Pergunta: 
        Qual a distância que o aterramento independente deverá ter do 
        aterramento do neutro, na entrada da residência ou do edifício? 
        Resposta: 
        Em equipamentos sensíveis como os de áudio/vídeo, ou então em 
        equipamentos médicos ou laboratoriais é necessário um aterramento de 
        baixo ruído, sendo que o aterramento do neutro (NBR5410 TN) normalmente 
        não atende a este baixo nível de ruído necessário. Então é preciso se 
        fazer um aterramento independente, o qual a norma NBR5410 denomina, de 
        forma simplificada, aterramento TT. Acontece que um aterramento 
        independente traz novos riscos quanto à segurança dos equipamentos. As 
        eventuais altas tensões advindas por exemplo de um raio, que entram 
        normalmente pelo neutro (no nosso meio muito mal aterrado) podem criar 
        altas tensões entre o neutro e o terra, devido ao aterramento 
        independente, danificando o nosso equipamento. Existem porém três 
        medidas que podemos tomar para minimizar os riscos. Em primeiro lugar, 
        devemos melhorar o aterramento do neutro (TN), batendo hastes em uma 
        área maior, em volta da nossa residência ou do prédio, por exemplo. E a 
        este aterramento serão ligados todos os terras das tomadas da nossa  
         residência, inclusive o aterramento dos aparelhos domésticos. Em segundo 
        lugar, inscrito neste aterramento que realizamos para o neutro, 
        deveremos realizar o aterramento (TT) separado para o nosso sistema de 
        áudio/vídeo com no mínimo três hastes como já havíamos relatado. Este 
        sistema de aterramento ideal, que agora apresentará ruído muito mais 
        baixo, já foi por nós relatado em artigo separado. Uma terceira medida 
        será colocarmos uma proteção entre o terra (aterramento TT do nosso 
        sistema de áudio e vídeo) e o neutro (aterramento TN), que deverá fazer 
        parte dos aparelhos de filtragem da rede elétrica. Porém, pelo que tenho 
        pesquisado, apenas um fabricante de condicionador de energia oferece 
        esta proteção, tão necessária. Portanto a distância entre o aterramento 
        do nosso sistema e do aterramento do neutro poderá ser pequena, contanto 
        que o nosso aterramento separado esteja inscrito no aterramento do 
        neutro. 
        
        Pergunta: 
        Quero fazer um aterramento para toda a minha casa. Poderei ligar o meu 
        som/vídeo neste terra? 
        
        Resposta: 
        É possível, porém não recomendo, porque todos nós desejamos um terra 
        para nosso sistema com o menor nível possível de ruído. O aterramento 
        será melhor se for específico e independente para o nosso sistema, 
        designado apenas para este propósito.Para o aterramento do restante da casa, 
        recomendo melhorar o aterramento na entrada de energia da residência, 
        onde está ligado o neutro, batendo mais hastes cobreadas. Utilize hastes 
        de aço com alta espessura de cobre. As hastes da Magnet Marelli 
        podem ser de 20 mü ou de 254  mü, com comprimento de até três metros. As 
        hastes de 20 mü, têm baixa durabilidade, algo em torno de dois a três 
        anos. Não se esqueça de fazer uma supervisão anual do seu terra!
 
        
        Pergunta: 
        O conduite no solo, no qual levarei as duas fases e o neutro, desde a 
        entrada de energia até a minha sala de audição, poderá ser de plástico 
        corrugado ou deverá ser de aço, ou de cobre? 
        
        Resposta: 
        O melhor será se o conduite for feito de cano de aço galvanizado. Também 
        poderá ser de plástico corrugado, porém não vejo necessidade de que seja 
        de cobre. O cano de cobre é muito caro e, como o cano de aço também faz 
        uma boa blindagem eletromagnética, não haverá necessidade de se utilizar 
        cano de cobre. Conclusão
        Estamos continuando aqui a série de 
        perguntas e respostas sobre a problemática da energia elétrica no áudio 
        e no vídeo, já respondendo às perguntas de vocês, pelas quais agradeço 
        muito. Nos próximos artigos, espero contar com a colaboração de maior 
        número de leitores, tudo bem? Tragam suas perguntas sobre a energia 
        elétrica, pois teremos prazer em respondê-las! Em paralelo, vou incluir 
        as perguntas mais freqüentes que tenho ouvido, por aí afora.Desejo a todos aquela energia elétrica, 
        de qualidade mesmo, desprovida de harmônicos e transientes, com baixo 
        THD, para que possam desfrutar de um som prazeroso e de uma imagem 
        bastante convidativa!
 Coloco meu e-mail à disposição
        de vocês: jorgeknirsch@byknirsch.com.br
 
          
          Uma 
          excelente audição a todos, com um excelente terra, aquele abraço e até lá!! 
            
        
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