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  Uma Entrevista com Jorge Knirsch

Veja o teste:
 do
 
powerline Audiófilo lf-115
 
 https://www.youtube.com/watch?v=ktB4C4k4EyY

 
  Veja os comentários de Fernando Sampaio (RJ) a respeito de fiação sólida e aterramento do neutro.
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CABOS DE ÁUDIO/VÍDEO

Áudio

Carlos Alberto Santos Camardella

Introdução

Pelo que pudemos verificar em alguns dos excelentes artigos do amigo Jorge Knirsch: Cabos:  Uma Complexidade Eletromagnética”.achamos que esse assunto merecia que desenvolvêssemos essa nova série de artigos, dividida em 7 partes (capítulos), tomando este conceito como foco de convergência e análise. Esta série se originou de uma compilação de diversas mensagens nossas enviadas a alguns grupos e fóruns de discussão de áudio. Aqui, elas foram reagrupadas, complementadas e concatenadas num encadeamento o mais natural possível.

Nossa intenção foi tornar o texto o mais simples e agradável possível, mas devido à complexidade dos temas, muitas vezes fomos obrigados a recorrer a fórmulas não muito básicas. No entanto, procuramos poupar o leitor das partes mais enfadonhas. O resultado prático que queremos atingir é o de capacitar o leitor a entender o que realmente acontece e, inclusive, capacitá-lo a prever, em nível “macro”, o desempenho dos cabos. Com isto, ele poderá, pelo menos, poupar seu tempo na hora de escolher entre vários cabos no nível “micro”, uma vez que conseguirá prever, com razoável certeza, quais realmente não lhe levarão aos resultados desejados. Assim, a quantidade de testes a serem feitos se reduzirá a apenas os modelos que realmente terão condições de lhe fornecer o desempenho desejado.

Ao longo desses capítulos, iremos tratar de praticamente todos os aspectos que causam efeitos eletromagnéticos nos condutores e cabos, com deduções de fórmulas, figuras auto-explicativas e diversos exemplos reais. Dessa forma, acreditamos que se possa desmistificar um pouco esse “mundo encantado dos cabos audiófilos”. Também estamos preparando outros artigos que tratam da estrutura dos materiais que compõem os cabos e conectores, de forma a dar continuidade a essa série atual.

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Todos os direitos reservados
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PRIMEIRA PARTE: OS METAIS

Carlos Alberto Santos Camardella

 

INTRODUÇÃO

Neste primeiro capítulo, nossa intenção é demonstrar as possíveis diferenças que se pode conseguir na sonoridade dos cabos de áudio, ao se usar apenas metais diferentes nos condutores. Isto, sem levarmos em consideração os outros fatores importantes como conectores, dielétricos, geometrias, etc. Constatamos que essa é uma área muito “nebulosa” para o grande público e alguns fabricantes aparentam se utilizar deste desconhecimento dos consumidores para divulgar teorias que não parecem condizer com a realidade. Chegaremos a conclusões muito interessantes...

O QUE ENTENDEMOS POR “CABOS IDEAIS”

O que, na verdade, deveria ser um cabo de interconexão para equipamentos de áudio? Analisando o caso de power integrado x módulos, um amplificador integrado, por exemplo, soa melhor ou pior que um conjunto de pré + power ? Penso que um cabo ideal deveria transformar os módulos pré + power... num power integrado !!! Ou seja, ele deveria ter o mesmo comportamento eletromagnético de uma trilha que interligasse os estágios dos circuitos impressos dos dois ou mais módulos, caso eles "virassem" um equipamento integrado de apenas uma placa, com todos os circuitos desenhados e os componentes instalados nela.

No entanto, cabos são externos e, por isso, sofrem com o meio ambiente. Seu comportamento eletromagnético também varia com as soldas, além de variar com as interferências externas por EMI e RFI (que deveriam ser barradas pela blindagem) e com as influências do calor e da umidade.

O comportamento eletromagnético também varia com a geometria, ou seja, se o cabo é coaxial, paralelo ou trançado (twisted). A geometria é um dos fatores que mais afeta a impedância característica dos cabos e este item, por si só, mereceria um capítulo à parte!

Vamos pensar em um teste muito interessante, que eu já fiz profissionalmente, cujo "setup" é o seguinte (Fig 1. abaixo):

(a) vamos pegar um cabo e desmontá-lo, separando o condutor positivo (+) do condutor negativo (-), retirando blindagem e dielétrico, mantendo-os bem distantes um do outro. Ou seja, a idéia é temos dois cabos unidirecionais que serão formados somente pelos 2 condutores, um só positivo (+) e o outro só negativo (-),  sem interação eletromagnética apreciável, pois estarão bem afastados e sem conectores;

(b) como não há proteção alguma aos condutores, este teste deverá ser feito em uma câmara anecóica para RFI e EMI, como a do INPE (ela é anecóica eletromagneticamente falando, apesar de também ser razoavelmente acusticamente anecóica);

(c) vamos colocar um gerador de sinais de muito boa qualidade numa ponta do cabo (emulando um CD-player, por exemplo), que tipicamente tem impedância de saída de 100 ohms, e na outra ponta um resistor "audiófilo" não-indutivo de 100 kohm (emulando o pré-amplificador ou amplificador com alta impedância de entrada). E vamos monitorar o desempenho com um osciloscópio digital de pelo menos 50MHz.

Ao contrário do que dizem algumas revistas e alguns fabricantes, o único efeito que pode resultar dos condutores dos cabos, neste teste, é a atenuação da resposta de freqüência, com relação às freqüências mais altas, desde que estejamos tratando apenas do condutor em si, fabricado com boa qualidade, esticado em cima de uma mesa de madeira, sem conectores, nem soldas e não-oxidado. Essencialmente, seria o mesmo que se usar um metal de granulação comum e de boa qualidade, mas fabricado por equipamentos de precisão, pois a alta granularidade e as impurezas equivalem eletricamente à oxidação, cujo efeito prático é o de alterar a geometria do condutor que a corrente elétrica enxerga, mudando a velocidade de propagação da onda e introduzindo distorções. É isso que ocorre nos condutores de cabos de muito baixa qualidade. A culpa nem é do metal em si, mas sim do fato do condutor ter sua tubularidade alterada geometricamente ao longo de sua extensão, por falhas no maquinário que o fabricou, ou por oxidação. Porém, se o metal for de muito baixa qualidade, o que não é muito comum, o próprio nível de impurezas altera sua geometria. Infelizmente, essa última afirmativa é usada indiscriminadamente pelos fabricantes, que alegam que o alto nível de pureza dos condutores de seus cabos é o que melhora o som, quando o que melhora é a geometria correta do condutor e um bom dielétrico. Se a tubularidade for ruim, o cabo vai ser ruim, independente do nível de pureza do metal.

Por que esse teste? Ora, estamos aí com um sistema analógico ideal, onde não há interação entre os condutores do cabo, não há interferências externas ou internas ao cabo (o dielétrico é o ar) e a carga (resistor) é a ideal para estar na saída de qualquer aparelho, pois é de alto valor e somente resistiva, de baixo ruído térmico.

Com esse teste, prova-se que não existe essa história de cabos melhores "de graves e médios" ou cabos melhores "de agudos", devido ao emprego de MATERIAIS diferentes NOS FIOS CONDUTORES, pois a resposta de freqüência é SEMPRE atenuada, quase que linearmente, quando se aumenta a freqüência. O que muda, entre os diversos tipos de condutores, é a curva de atenuação em si, de acordo com o material (ou liga) do condutor, e com o seu diâmetro, comprimento, etc.

No meio da curva de resposta de freqüência de um condutor NUNCA há saltos, picos ou vales. Ela é uma reta, que depois vai decaindo, lentamente ou não, com o aumento da freqüência. Os metais condutores, por si só, não são capazes de introduzir distorções não-lineares ! 

E, se notarmos com cuidado o gráfico de referência desse teste (abaixo), veremos que, mesmo no pior caso (Condutor 4), estes materiais têm resposta plana até bem mais do que 100 kHz, se o condutor tiver a geometria adequada. Qualquer limitação na extensão da faixa de áudio (que morre em pouco mais de 20kHz) não poderá ser imputada ao material (ou à sua pureza, ou tipo de ligas). Igualmente, no caso de uma liga menos pura (Condutor 2), a resistência do condutor aumentou para todas as freqüências, uma vez que a diferença de condutividade dos dois materiais da liga não é suficiente para ter impacto notável na resposta de freqüência, e isso explica alguns cabos "audiófilos" cujo som sai mais baixo que o de outros...

            Abaixo, o gráfico de referência dessa experiência:

 

Vejamos o outro gráfico abaixo, que analisa a queda de potência em relação à freqüência, de acordo com a condutividade do metal empregado. Temos abaixo os resultados que teremos ao montarmos cabos que poderiam ser considerados “cabos para caixas”, com condutores paralelos e rígidos (unifilares), com um design bem tradicional, AWG14, com 3 metros de comprimento, dielétrico de Teflon, sem conectores, de geometria rigorosamente igual, onde só os metais condutores são diferentes. Para efeito do teste, os conectamos necessariamente a uma carga não-indutiva de 8 ohms:

Dessa forma, fica bastante fácil reparar que, mesmo numa configuração extremamente simplista, justamente no cabo de caixas, que é o que mais “manhas” possui no ramo da audiofilia, a resposta de freqüência é rigorosamente igual, ao se comparar os diversos tipos de metal condutor, pois a queda de menos de 0,05dB na potência entregue às caixas, na faixa entre 10kHz a 25kHz, já é impossível de ser notada pelos ouvidos, quanto mais uma diferença de, no máximo, 0,02dB entre o melhor metal condutor (prata) e o alumínio !!!  Porém, se analisarmos o grafite, veremos que há uma queda quase linear de 5,2 dB na potência transmitida, se comparado à prata, mas ele tem resposta ligeiramente mais linear entre 10kHz e 25kHz, ou seja, é 0,05dB mais linear que os outros metais, diferença para melhor, que é também inaudível, obviamente. Podemos, então, considerar que a queda de 5,2dB se dá praticamente em todo o espectro audível, logo a resposta de freqüência, para qualquer critério prático em áudio, também é igual à dos outros metais, porém com uma enorme atenuação: perde-se quase 3/4 da potência do amplificador só no cabo !!! É por isso que se fazem cabos híbridos (metal/grafite), pois nesse caso a queda de potência fica um pouco menor que 3dB (perde-se quase metade da potência no cabo).

Donde se conclui que, em se tratando apenas do material de que o condutor é formado (cobre, latão, prata, carbono e suas ligas), teremos cabos melhores ou piores apenas de agudos, e praticamente só na faixa ultra-sônica, devido somente aos limites físicos da liga (sua pureza, por exemplo). Logo, podemos afirmar que NÃO É POR CAUSA DO MATERIAL DO CONDUTOR QUE UM CABO VAI TER MENOS MÉDIOS OU MENOS GRAVES, pois o material só afetaria, em tese, os agudos ultra-sônicos (que não são audíveis, e isso quando o condutor é muito ruim) e não altera a curva de resposta anterior à parte do gráfico onde começa a atenuação!!! Logo, por causa do metal utilizado, os cabos não podem ter "mais médios" ou "mais graves". Como eles só atenuam, podem ter menos agudos, ou menos médios num pior e absurdo caso... Ou o som pode sair todo mais alto, claro, num condutor de resistência menor! No entanto, falhas do material podem provocar distorções, devido principalmente à alteração do modo de propagação da onda elétrica ao longo do cabo, mas isso não causaria picos ou vales na resposta, e sim uma resposta mais “suja”.

Aliás, os graves de todos os condutores de mesmo material deveriam ser iguais, pois essas freqüências são tão baixas que não sofrem influência do material, nem de problemas de tubularidade (geometria do condutor) ou de EMI / RFI. Digo “deveriam”, porque se a resistência do condutor for mais alta, o que depende da pureza, composição da liga, comprimento e geometria empregada para o metal condutor, os graves até serão mais baixos do que os de outro condutor de menor resistência, mas os médios e os agudos também, claro, pois o cabo estará atenuando todo o espectro, devido à sua maior resistência !

Obviamente que coisas como mau contato, soldas ruins, etc., vão prejudicar os graves, mas estamos tratando somente dos condutores bem fabricados e não do cabo pronto, nesta primeira parte. É importante frisar que materiais altamente impuros (como cobre de baixa qualidade), ou oxidados, equivalem ao resultado sônico de se ter um mal-contato numa solda fria de conector, ou um conector oxidado, e um efeito semelhante ocorre em condutores multifilares, quando comparados aos condutores sólidos. Discorreremos mais sobre isso adiante 

Logo, se não é o material dos condutores em si, com certeza alguma outra coisa interfere para causar picos e vales no espectro de resposta de um cabo. Na verdade, tal comportamento se deve basicamente às interações eletromagnéticas, coisa muito negligenciada por alguns fabricantes de cabos, justamente pelos que ficam orbitando atrás de ligas estapafúrdias e explicações forçadas, acerca de efeitos incríveis na camada eletrônica das ligas dos materiais, como o cabo-diodo, o exagero no comprometimento pelo efeito de superfície (skin-effect) e outras explicações baseadas em meias verdades, coisas que existem em valores notáveis, apenas em freqüências, tensões ou correntes estupidamente mais altas que as de um rélis cabo de interconexão de áudio. E fazem isso, ao invés de aplicar as complicadíssimas (mas funcionais) equações matemáticas de Maxwell e demais teoremas. O pior é que essa última opção sairia muito mais barata, ou seja, uma correta geometria, bom isolamento dielétrico e BONS CONECTORES operam milagres!

Sempre é bom lembrar que conectores mal projetados não só interferem no som, por causa de mau contato, mas também distorcem o modo de propagação da onda eletromagnética que percorre o cabo (o sinal de áudio), e isso inclusive pode trazer efeitos quanto à velocidade de propagação das diferentes freqüências contidas no sinal! Exatamente por esse fenômeno é que todos os conectores para RF são cilíndricos (RF = radiofreqüências – acima de 200kHz, indo até alguns gigahertz, onde os fenômenos eletromagnéticos têm importância fundamental), justamente para manter a forma geométrica do cabo coaxial na conexão e evitar distorções no modo de propagação. Ao se alterar a geometria como, por exemplo, terminar um cabo cilíndrico colocando-se um conector com único ponto de contato de terra ao invés de um anel para esse fim, isto faz com que possa ocorrer uma distorção no modo de propagação. Por isso, conectores com terminações do tipo “one pin”, que são maciços e não em forma de anel  – como os da Eichmann - vão contra a teoria eletromagnética convencional e contra a prática vista em circuitos de RF. Por isso mesmo vemos que cabos famosos que os usam não são coaxiais. Portanto, seu uso em cabos triple-balanced, quad-helix, e outros, que não são coaxiais, é altamente recomendado, pois são uma extensão natural dos condutores e não distorcem o sinal na ponta do cabo. Já em coaxiais, eles introduzem distorções no sinal propagado. E estas distorções podem ser interpretadas pelo ouvinte como melhora ou piora de qualidade, por reforços e atenuações, ou mesmo delay em determinadas freqüências (retardo de grupo), devido às reflexões que ocorrem pela propagação distorcida do sinal. 

Sobre os cabos de prata ou ligas com alto teor de prata, é fato que só conseguiremos usar a prata com segurança, como metal condutor, onde passarem correntes razoáveis, pois a prata oxida rápido, não importando o tratamento dado a ela. Isso é fatal para um fino interconect: em poucos anos (ou meses, se o cabo não for bem vedado), seu cabo high-end já era, se torna um cabo apenas bom, principalmente se for um cabo com condutor multifilar, ou seja, não-sólido. Pelo que me consta, não se consegue limpar um cabo interconect com Silvo, como se faz com os castiçais de casa! A prata oxida muito mais rápido que o cobre, porém, ao contrário dos cabos de cobre oxidado, os cabos de prata oxidada ainda continuam sendo bons condutores. Trataremos disto mais adiante.

Algumas poucas implementações de cabos de caixa e AC funcionam muito bem com prata. Às vezes, quando há banho de prata, estes cabos se tornam até melhores que os de cobre, pelo isolamento que a prata faz no cobre, em relação ao mundo exterior, desde que tais cabos estejam sempre sendo usados. Se ficarem muito tempo sem uso, começa a oxidação. O carbono puro também é um composto limitativo, com relação à freqüência e de alta atenuação, mas não oxida fácil (assim como o cobre OFC, se bem isolado do ambiente).

Aliás, a título de curiosidade, a famosa "solda de prata" tem prata apenas para facilitar o fluxo, e fluxo era coisa que meu avô usava em separado e ficava num potinho, pois as soldas antigas não eram autofluxo como as de hoje. Ou seja, a prata, nas soldas, serve somente para facilitar a soldagem, evitando-se "soldas frias" (a solda de prata gruda mais fácil, principalmente em condutores de cobre recobertos com prata, ou de prata e seus compostos, pois ela escorre menos – pra quem gosta de termos audiotas, isso se chama "wicking effect", ou em bom português, efeito de escorrimento...), mas à custa de se precisar de uma maior temperatura para a soldagem, pois quanto mais prata a solda contiver, maior terá que ser a temperatura, o que inviabiliza seu uso em diversos componentes eletrônicos sensíveis ao calor. A diferença de condutividade entre uma solda sem prata, uma com 2% de prata e outra com 20% de prata é totalmente desprezível, logo não afeta o som "per se". Afeta, se for bem feita, como qualquer outra solda.

É senso comum que o uso de cobre OFC domina o mundo do áudio hi-fi, e é acompanhado pela prata e pelo ouro. No entanto, muito se tem falado sobre as diferenças de sonoridade entre cabos e conectores feitos desses diversos metais, e seria interessante nos estendermos um pouco mais sobre esse fascinante assunto.

Em primeiro lugar, todo metal oxida, inclusive esses três mais famosos. Somente o nível de oxidação e a natureza dessa oxidação é que variam bastante. 

COBRE

A oxidação do cobre leva a efeitos isolantes ou semicondutivos, ou seja, um conector de cobre oxidado ou uma parte oxidada de um cabo de cobre se tornam péssimos condutores para os sinais elétricos, podendo atuar até como um diodo (nos dois sentidos da corrente, antes que se pense no famoso cabo-diodo) ou isolante mesmo, sem condução. O uso de cobre OFC/OFHC (cobre sem óxidos, com baixíssimo nível de oxigênio) reduz tremendamente a oxidação natural desse metal, desde que, obviamente, ele permaneça isolado do ar. Em contato com o ar, onde se encontram partículas de água (H2O) e gás carbônico (CO2), o cobre geralmente oxida sua superfície através da formação de um carbonato de fórmula CuCO3·Cu(OH)2 e cor esverdeada. Os cobres OFC/OFHC, apesar de serem muito mais puros que as ligas tradicionais, ainda possuem em sua liga uma quantidade muito pequena de enxofre (0,0015% no OFHC e 0,0020% no OFC). Por causa da presença do enxofre, na forma de sulfeto cuproso (Cu2S), mesmo com todos os cuidados, ainda aparecem, em contato com o ar, óxidos como o CuO e Cu2O. Ou seja, por mais que se tome cuidado na confecção do cabo, por não haver isolamento total do ar e devido à presença de enxofre, o cabo de cobre vai oxidar com o tempo. Para se ter uma idéia de seus efeitos, o óxido cuproso Cu2O chegou a ser usado em um tipo de retificador, no início dos tempos da eletrônica, fazendo às vezes dos diodos modernos, através da oxidação da superfície de uma placa de cobre, gerando uma película de Cu2O que atuava como uma junção P, e a placa como uma junção N, formando uma junção P-N, como a de um diodo moderno, só que com tensão de ruptura de quase 10V (o mais comum eram 6V), ao invés dos 0,3V dos diodos de germânio e os 0,7V dos diodos de silício, e com temperatura de operação mais baixa também.

PRATA

A prata é por um mínimo valor mais condutiva que o cobre, pois sua resistividade é da ordem de 1,59 x 10-8 Ω m e a do cobre é ligeiramente maior, 1,67 x 10-8 Ω m. Num primeiro momento, a oxidação da prata leva a efeitos menos danosos que a oxidação do cobre, pois o óxido que se forma em sua superfície é ainda bom condutor (embora pior que o ouro e que o cobre em bom estado). Mas, apesar de ser mais resistente à corrosão que o cobre e menos que o ouro, a prata oxida muito mais rápido que ambos. A prata não forma carbonatos, mas na presença de enxofre (que existe em boa quantidade no ar das grandes cidades ou em locais onde chove muito) sua superfície forma o sulforeto Ag2S pela reação 2 Ag + H2S = Ag2S + H2, ou seja, como Ag2S (Argentite) que é a forma básica que se encontra a prata na natureza, o cabo de prata tende a voltar à sua forma original no planeta... Outro problema sério dos cabos de prata ou com cobertura de prata é o níquel e o alumínio presentes em quase todos os conectores, mesmo em alguns que se dizem "puros". O Ag2S forma um catodo e o níquel/alumínio forma um anodo de uma pilha virtual, na solda do conector com o condutor, principalmente na presença de umidade, aparecendo um offset DC que pode alterar bastante a sonoridade do equipamento, pois aparece uma corrente catódica na junção condutor-conector. A isso chamamos “incompatibilidade galvânica”.

 Uma outra propriedade da prata é sua sensibilidade à luz infravermelha, por presença de óxidos AgO na sua superfície, mesmo estando protegida pelo isolante dielétrico dos cabos, e por isso se deve tomar muito cuidado para não expor esses cabos ao sol ou iluminação que contenha esse espectro luminoso.

             Quanto à compatibilidade galvânica, todo metal possui uma característica de anodicidade ou catodicidade, definida pelo que chamamos de potencial de eletrodo. Os metais nobres, como cobre, prata e ouro são catódicos, já os metais mais comuns, como o alumínio, o aço, o níquel e o cromo são anódicos. A diferença de potencial que aparece na fronteira entre metais galvânicamente diferentes leva a um fluxo de elétrons que forma o que chamamos de corrente catódica. Geralmente, em presença da umidade, esse processo se acelera. 

Apenas como referência, vejamos a tabelinha abaixo:

Metal   Tipo   Potencial de Eletrodo
Ouro ...... Catódico ...... +1,680
Prata ...... Catódico ...... +0,800
Cobre ...... Catódico ...... +0,345
Níquel ...... Anódico ...... -0,250
Ferro ...... Anódico ...... -0,440
Cromo ...... Anódico ...... -0,710
Zinco ...... Anódico ...... -0,762
Alumínio ...... Anódico ...... -1,670


        
Quanto maior a diferença de potencial galvânico, obviamente maior será essa corrente, a qual poderá causar problemas mesmo em equipamentos sem acoplamento DC (por exemplo, aqueles com um capacitor de 2,2uF, ou próximo disso, nas entradas de linha, ou seja, quase todos). No elo entre amplificadores e caixas, o mal maior é a corrosão que sofre o metal menos catódico. Isso porque as correntes que circulam já são por si só bem altas, para que haja alguma apreciável interferência sonora pela corrente catódica. Não são os mA dos cabos de interconexão...

            Um exemplo do cotidiano é o aço galvanizado, que nada mais é que aço recoberto com uma película de zinco. Como o zinco é menos catódico, a corrente catódica protege o aço e quem se corrói é o zinco, na presença de água ou alta umidade. Um dos motivos de se pintar ferro com zarcão (que é feito de cromato de zinco) é que ele atua da mesma forma que o caso do aço galvanizado. Por outro lado, nunca se deve pintar quaisquer desses metais com tinta à base de cobre, pois o efeito será justamente o contrário: como o cobre é catódico, quem vai se corroer será o metal menos nobre, que é mais anódico. Pela tabelinha acima, podemos notar facilmente que o único material correto para um conector é o mesmo material do condutor. Imagine, pela tabela acima, que beleza não seria a associação de um cabo de prata pura com esses conectores niquelados de baixa qualidade, ou pior, de cromo ruim mesmo. Em geral, o que os fabricantes chamam de conector de prata pura é, na verdade, um conector de cromo industrial, cujo potencial de eletrodo é muito próximo ao da prata, por haver realmente prata em sua liga. Ele não tem o potencial do cromo puro, outro material errado que se usa em conectores de baixa qualidade junto com o níquel. E, nos melhores conectores para cabos de cobre, se usa cobre puro como base, com um banho de cromo, ouro ou um composto deles como proteção, em uma camada bem tênue, só para proteger o metal base, ao evitar a oxidação e arranhões na estampagem do cobre.

Conclusão

            Verificamos que o melhor material para o conector é o do condutor mesmo, o problema é a oxidação inevitável e a sua excessiva maleabilidade.

            Então, no caso dos cabos de cobre para caixas, para os conectores/terminais pode-se até usar o cobre nu mesmo, mas tem-se que dar um polimento leve de vez em quando. Geralmente essa configuração fica melhor que com conectores soldados, no caso de conectores esculpidos na ponta do cabo. Já o uso do fio nu dependerá muito do receptáculo nos bornes do amplificador e caixas, e se for um cabo multicondutor (ou multifilar) isso geralmente não fica nada bom. Já cabos de caixas com conectores em prata pura sofreriam com a excessiva moleza do metal, e se estragariam facilmente, porém sua oxidação não causaria tantos transtornos como com o conector de cobre, uma vez que já sabemos que o óxido formado é ainda bom condutor (mas pior que o metal não-oxidado, claro).

            Outra constatação é que as diferenças sônicas entre os cabos, quando novos, praticamente nada têm a ver com o tipo de metal utilizado, a não ser em casos muito extremos. No que tange aos metais, essas diferenças são em muito estimuladas pelas compatibilidades ou incompatibilidades entre os metais dos condutores, dos conectores e os compostos das soldas.

 

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