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 Número 447
 
Qual o Elo mais Fraco de um Sistema?3ª. Parte
 
 
Acústica 
Jorge Knirschjorgeknirsch@byknirsch.com.br
 
Introdução          
          No 
Audiophile News 445, 
havíamos analisado a importância da relação de medidas de 
uma sala, ou seja, a relação entre seu comprimento, largura e altura. As várias relações 
de medidas nos permitem definir quatro categorias de salas, e vamos ainda 
acrescentar uma quinta categoria, que engloba as salas com os maiores problemas acústicos possíveis, tanto para 
a voz humana como para a música acústica. 
        
                     
		
        
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		Acústica: 1. As Categorias das Salas          
A grande maioria de nós, ouvintes apaixonados pela 
reprodução eletrônica, e muitos melômanos temos problemas acústicos em nossas salas. 
Pena que não nos damos conta da importância de tentar resolvê-los, e muitos até 
os desprezam! Porém, os estudos nesta área progrediram muito, nos últimos anos, 
e vêm nos chamando atenção para esta necessidade!Assim, conforme a relação 
entre comprimento, largura e altura, podemos dividir as infinidades, de todas as 
possibilidades destas relações, em cinco 
categorias de salas. A primeira categoria é a que nos oferece o melhor resultado 
sonoro.
 Dando continuidade às pesquisas do 
argentino Oscar Juan Bonello, da 
Universidade de Buenos Aires, publicadas no Journal of The Audio Engineering 
Society (JAES), em 1984, os pesquisadores da Universidade de Salford, em 
Manchester, Inglaterra, a partir de 1995, passaram a estudar a fundo as relações das medidas de uma sala. Como vocês podem perceber, o estudo da acústica de salas, que possuem um volume menor do que 300m³, é uma ciência muito nova, que tem apenas 35 anos de 
existência!
 Quanto melhor a categoria 
da sala, de forma geral, o volume do ambiente tende a aumentar. A primeira 
categoria obedece à seguinte 
relação fixa, de altura, largura e comprimento:
 
 
 1 : 2,19 : 3            
Esta relação vale para qualquer volume, porém  
resulta em salas maiores do que as que comumente encontramos na prática. Se, por exemplo, tomarmos uma altura (H) de 
2,70m, que consideramos uma medida mínima para a altura (quanto maior, melhor), vamos obter uma largura de 
5,91m e um 
comprimento de 8,10m, perfazendo um volume de 129m³, 
que já é o volume de uma sala média (Veja
Sala Viva, Sala Morta, Sala Seca). No entanto, as salas de audição 
cujas medidas obedecem a esta relação fixa não chegam a 0,1%, pois as pessoas, 
de maneira geral, não têm este volume disponível. Estas salas são as que têm a melhor distribuição modal, ou seja, 
nelas, a distribuição das ondas estacionárias axiais por terço de oitava é a melhor 
possível (Veja 
Audiophile News 146,
Audiophile News 150,
Audiophile News 154).Na segunda categoria, 
existem inúmeras relações pré-estabelecidas para os volumes de 50m³, 100m³ e 200m³. Embora a quantidade 
destas relações seja grande, apenas 1% das salas de audição pertencem a esta 
categoria. (Caso 
desejem, damos consultoria em dimensionamento de salas de audição para a construção civil).
 A terceira categoria também tem a mesma estrutura, 
porém o volume de possíveis relações pré-estabelecidas é muito maior ainda do 
que o da categoria anterior, embora a quantidade de salas de audição nesta categoria não deva chegar a 5% do total 
das salas existentes.
 Na quarta categoria estão todas as outras relações de medidas 
e engloba em torno de 90% das salas de audição. A nossa sala, próxima da relação 
de 1 : 1,6 : 2,6, que define as famosas  "Medidas de Ouro de Cardas", 
pertence a ela. Esta relação é muito usada, provavelmente por falta de conhecimento 
acústico dos arquitetos, engenheiros civis e projetistas da construção civil e de muitos 
outros profissionais responsáveis pela construção de residências, auditórios e outros ambientes afins.
 Existe, por fim, uma 
quinta categoria, que acrescentamos aqui, ainda muito usada por vários 
profissionais da área, onde duas das medidas da sala são iguais. Por exemplo, 
quando o 
comprimento é igual à largura, ou à altura, ou ainda quando a 
largura é igual à altura. Ou seja, são salas onde existem superfícies quadradas. 
Estas salas já são até inadequadas para auditórios, quanto 
mais para se tocar ou reproduzir música acústica. Nestas salas, a distribuição modal é realmente 
muito prejudicial para a reprodução da voz, ou de um instrumento acústico, devido 
à alta concentração de ondas estacionárias em vários terços de oitava. Abaixo, 
dou-lhes um exemplo prático.
 A Sala São Paulo oferece 
aos seus freqüentadores, antes de cada conserto sinfônico, 
uma palestra gratuita, dada pelo nosso colega Leandro de Oliveira, para 
situá-los em relação às peças que serão apresentadas naquele dia. Anteriormente, 
estas palestras eram realizadas na Sala Carlos Gomes, de grandes dimensões (24m X 
9,1m e altura não indicada), mas esta sala foi 
cedida ao Banco Itaú Personnalité. Então, o Leandro e seus ouvintes foram 
transferidos para a Sala Almeida Prado, com medidas do comprimento e da largura 
muito próximas.  
Ou seja, foram para uma sala quase quadrada, e o resultado acústico, que era muito ruim, não colaborava: 
quando o Leandro falava, ou quando tocava piano para demonstrar algum detalhe 
das peças que seriam apresentadas, os harmônicos da estacionária axial se 
tornavam bem audíveis, dando uma forte coloração tanto à fala quanto à música. 
A inteligibilidade era sacrificada com alterações no equilíbrio tonal! Além disso, o recinto não comportava todas as pessoas que 
desejavam participar da palestra. Resultado: o volume de reclamações foi 
aumentando! 
Tiveram novamente que transferir a palestra "Falando de Música" para outro 
lugar, o Salão Nobre! Um salão com medidas mais adequadas, 36,2m X 11,36m X 
5,5m. E, imaginem só, havia um projeto para transformar aquela Sala Almeida 
Prado em uma técnica de gravações da sala de conserto! Ali se podia 
testificar que uma sala com superfícies quadradas não é adequada à fala humana, 
nem a bandas ou outros conjuntos musicais.
 Quando as seis faces da 
sala são 
quadradas, independente do seu volume, estamos em um cubo, que também pertence à 
esta quinta categoria e é a pior sala do ponto de vista acústico que pode 
existir. Esta sala nem para um dormitório é adequada, pois não é fácil 
conversar lá dentro, tal a distorção da voz. Infelizmente, a problemática desta quinta 
categoria de salas também não é conhecida por muitos profissionais da área, que 
ainda hoje projetam ambientes com superfícies quadradas. Estas salas perfazem 5% do total das salas 
existentes. São mais comuns do que se imagina!
           
PS.: O Worshop de Avaliação Musical dos dias 15, 16 e 17 de 
março está terminando com grande sucesso e  o próximo Workshop dos dias 29, 30 e 31 
de março já está completo. É  um curso prático para refinar a sua avaliação 
musical com relação ao seu sistema de áudio! Veja
Audiophile News 438.           Ótimas audições a todos! Aquele abraço! E até a próxima! 
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