| ATERRAMENTO: FAZ
        DIFERENÇA?(PARTE 1)
 Elétrica 
        Jorge
        Knirsch
        
        Introdução 
                   
        
        Há alguns meses atrás, em várias conversas com o nosso mestre
        Holbein Menezes sobre aterramento, conseguimos otimizar o seu sistema de
        som através de várias experiências até chegarmos à melhor
        alternativa, diga se de passagem, com um excelente resultado! Ele então me pediu que escrevesse um artigo sobre este assunto,
        relatando
        o que foi feito. Preciso confessar que faço isto com muito receio, pois
        experiências com aterramento podem danificar o sistema de som,
        principalmente as caixas acústicas que são as mais vulneráveis.
        Quando ocorre uma incompatibilidade no sistema em razão de alguma
        experiência que esteja sendo realizada sem as devidas precauções, por
        exemplo, quando ocorre um "loop de terra “, o sistema poderá vir
        a iniciar uma oscilação que provavelmente acabará por danificar as caixas acústicas. Portanto, peço a
        todos que, em primeiro lugar, deixem a série de artigos terminar para
        que tenham uma visão completa do assunto e, em segundo lugar, para que
        sigam todas as indicações ao longo das experiências sugeridas, dos
        critérios e precauções necessários.
  É evidente que, à distância, não poderei assumir nenhuma
        responsabilidade por danos que porventura vierem a ocorrer em seus
        sistemas, por vocês não estarem seguindo corretamente as indicações. Este assunto é muito complexo e,
        para complicar ainda mais, existe uma grande quantidade de aparelhos construídos com
        diversificadas "teorias eletrônicas de aterramento", sendo
        que alguns possuem o pino terra na tomada
        e outros não, de forma que todo cuidado é pouco!
 Alertando para esta grande
        diversidade, pretendo trazer aqui um pouco do conhecimento que fui adquirindo através das nossas várias
        experiências.
 É fato que um aterramento bem realizado e bem aplicado,
        traz uma notável  diferença
        auditiva. É como se o seu sistema tivesse sido substituído por um outro muito melhor. A maior diferença se nota na
        nitidez e na precisão do som. Outra característica importante é o 
        "silêncio de fundo" que aumenta. Quem já passou por isso sabe do que estou
        falando!
 Nestes artigos darei as informações
        necessárias para a otimização do aterramento de sistemas de som de
        forma que vocês possam vir a constatar pessoalmente esta grande diferença!
        Vamos Lá!!
 © 
        2004-2014 Jorge Bruno Fritz KnirschTodos os direitos reservados
 http://www.byknirsch.com.br
 
         
        É necessário se fazer um
        aterramento? 
        
         
        Em todos os sistemas eletro-eletrônicos
        é necessário se ter uma tensão de 
        referência (ou um referencial, como também é chamado).
        
        
        
         Dentro dos aparelhos existem várias tensões, como por
        exemplo as tensões das fontes de alimentação, as tensões dos
        geradores de corrente e/ou dos geradores de tensão e as tensões de
        sinal. Todas estas tensões devem estar correlacionadas entre si de uma
        forma preestabelecida. Para isto, é necessário se fazer um aterramento
        interno no aparelho, o qual fornecerá um referencial seguro para o
        funcionamento correto deste aparelho. Caso este aterramento não seja feito, podem ocorrer, de forma
        muito aleatória, oscilações internas, audíveis ou não, que prejudicam o som.
        
        Vou lhes dar um exemplo: um amigo
        meu, que mora próximo à minha residência, possui um conversor
        digital/analógico da Pink Triangle Ordinal, que é o mesmo que eu
        tenho.
  É um ótimo aparelho pois possui
        95 pontos de qualidade auditiva pela revista alemã AUDIO. Nos artigos anteriores falei sobre
        pontuação auditiva. Voltando ao exemplo: o conversor do
        meu amigo, por ser o mesmo que o meu tem um som tão bom quanto o meu.
        No entanto trabalha em uma temperatura muito mais alta do que o meu
        aparelho por uma razão aparentemente inexplicável. Abrimos os dois
        aparelhos e verificamos que são realmente idênticos. O que notamos é
        que, devido a alta temperatura do aparelho dele, os transformadores
        internos estão ficando com uma coloração marrom escura, mostrando que o sobre-aquecimento os está prejudicando,
        fato este que os está levando a correrem o risco de algum dia poderem vir
        a queimar.
 Em seguida, analisamos os nossos
        sistemas de som e notamos uma diferença importante: o meu sistema tinha
        aterramento e o dele não. Colocamos então o aparelho dele no meu
        sistema e vejam só: a temperatura se normalizou! Ficou igual à
        temperatura do meu aparelho que estava lá.
 Concluímos então que a falta de
        aterramento do sistema do meu amigo está causando uma falta de referencial interno no
        aparelho dele, elevando assim alguma tensão lá dentro, de forma a
        sobre-aquecê-lo.
 Situações semelhantes devem
        existir por aí. Suponhamos que um aparelho 
        qualquer que tenha três pinos no cordão de força, onde o terra
        foi anulado através de um adaptador especial e venha eventualmente a queimar.
        Normalmente não se cogita que a eliminação do terra possa ser uma das razões para o dano deste aparelho. Portanto, o aterramento é fundamental e
        pode ser vital para o seu sistema.
 Este exemplo ilustra bem como a
        falta de aterramento pode, de forma perniciosa, estar destruindo o seu equipamento, sem que
        você o saiba.
 Ainda bem que esta forma de influência
        da falta de aterramento não é muito comum.
 
         
        E o neutro, como fica nesse
        caso? 
        
         
        O neutro é outro assunto: ele não
        é terra!! Neutro e terra são duas coisas completamente distintas.
        
        
         
         
        Mas o neutro também não é
        aterrado? 
        
         
        O neutro deve ser aterrado
        normalmente pela concessionária de energia, e na entrada elétrica de edifícios, residências e
        industrias, e tem, na realidade, uma função muito diferente. Ele não
        tem somente o objetivo de ser um referencial. Ele é o retorno da fase, o segundo fio.
        A fase e o neutro juntos formam a alimentação do sistema trazendo toda a energia
        para os aparelhos.Portanto, por ambos flui
        corrente. Este não é o caso do fio terra que é apenas um referencial
        com um potencial nulo (que é o caso do nosso planeta Terra).
 Portanto, neutro e terra são
        diferentes. Nunca os interligue em hipótese alguma dentro de sua 
        residência, nem utilize o
        neutro como terra, a menos no quadro geral elétrico de entrada, onde 
        poderão estar interligados.
 Conforme já citado, o neutro
        deve ser aterrado pelas concessionárias, em distâncias preestabelecidas, através de fios que são
        enterrados no solo, junto aos transformadores de postes das ruas. Algumas concessionárias estão
        solicitando que os usuários de energia aterrem o neutro e as caixas de
        luz nas entradas das residências, em separado. Nestes casos siga as
        instruções de aterramento das concessionárias. É importante certificar-se de que seus vizinhos também tenham aterrado o neutro para
        que, em um eventual caso de curto-circuito na rede elétrica, o seu
        neutro aterrado não seja o único na redondeza. Pois, se assim for, a
        alta corrente que circulará virá a danificar a sua entrada de energia.
 Outro aspecto importante é de
        que, se o neutro foi aterrado na sua entrada de energia, não utilize este mesmo aterramento também
        para o fio terra, ou seja, para o terceiro pino do seu sistema de 
        áudio/vídeo. Faça para o seu terra
        um novo aterramento independente, se possível, no jardim de sua casa.
        Caso more em um edifício onde todo o encanamento é de ferro, você
        poderá usar este encanamento como aterramento. Caso contrário,
        infelizmente, terá que instalar um cabo terra que venha do quintal do
        prédio.
 Posso lhes assegurar que todos os
        custos e problemas que essa instalação porventura vier a lhes causar, tudo isto será regiamente
        compensado no novo prazer da audição. A diferença é gratificante! E,
        como já vimos em artigos anteriores, não se esqueçam que a maioria dos aparelhos
        eletrônicos para áudio é projetada no primeiro mundo, onde se usa um
        bom aterramento, para se obter com isso a melhor qualidade sonora possível.
 
         
        Como instalar um bom
        aterramento? 
        
         
        Na faculdade aprendi a instalar
        um terra colocando-se uma barra de cobre em um buraco de 1m de diâmetro, cheio com salitre do
        Chile, sal e outras substâncias tais colocadas em camadas, até fechar
        o buraco. Hoje em dia pode-se usar um processo mais prático e melhor. Nas boas lojas
        de materiais elétricos pode se adquirir as chamadas hastes de
        aterramento, que são barras de ferro com uma capa espessa de cobre, com
        um diâmetro em torno de 10mm e comprimento entre 2 a 3 m. Compre 3
        dessas hastes e enfie-as na terra, com o auxílio de uma  marreta
        se necessário, na disposição de um triângulo eqüilátero em torno de 2 m de
        lado. Depois, interligue-as com um cabo flexível grosso,
        digamos 4mm2, ou maior. A fixação do cabo nas hastes é feita através
        de argola ou presilha com parafusos. Evite utilizar solda de estanho, que é um
        contato pior do que um contato elétrico oriundo da pressão entre os
        elementos. No meio de um dos lados do triângulo, ou em um dos vértices, prenda um novo cabo
        flexível, que deverá ir ao terra das tomadas de seu equipamento. E
        pronto! Já instalamos o nosso aterramento.
 Conforme a distância entre suas
        tomadas e as hastes, utilize fio flexível de 2,5, 4 ou 6mm2. Para conferir a
        qualidade  desse
        aterramento, normalmente se  utiliza
        um terrometro, porém como a maioria de nós não possui um, podemos
        realizar este teste, de forma aproximada, com um simples voltímetro em AC.
 Meça a tensão da rede entre a
        fase e o neutro. Em seguida, ligue uma lâmpada normal (aproximadamente
        60W) com tensão correta, entre a fase e o terra e meça a tensão sobre
        a lâmpada. A lâmpada deve acender com luminosidade normal, como se 
        estivesse ligada entre fase-neutro. Caso a lâmpada venha a acender com 
        luminosidade mais fraca, ou até não venha a acender, o aterramento do 
        terra está insuficiente e não deve ser usado!
 Compare então as duas tensões
        medidas e calcule a diferença entre elas, que não deve ser superior a
        10V!! Caso esteja acima, é sinal que o aterramento do terra ou do
        neutro não está suficientemente bom. Experimente colocar em volta das três
        hastes uma boa quantidade de sal (em torno de 1kg) e molhe em seguida o
        solo. Volte a medir as tensões descritas anteriormente e calcule a
        diferença entre elas. Caso persista uma diferença maior que 10V,
        deve-se avaliar o aterramento do neutro. Caso a concessionária de
        energia aterre o neutro no poste da rua, procure a concessionária para
        sanar o problema. Se o neutro estiver aterrado na entrada da sua casa,
        se fará necessário colocar mais uma haste a dois metros da haste de
        aterramento existente, interligada com a primeira. Isso deverá melhorar
        a situação e diminuir a diferença entre as tensões fase-neutro e
        fase-terra (não se esqueça de ligar a lâmpada enquanto estiver
        medindo).
 Quem desejar realizar um bom
        terra já pode começar a instalação descrita, levando o fio terra até as tomadas do equipamento. Isso
        vai lhe dar uma boa ocupação até o próximo artigo, porém recomendo
        não realizar nenhuma experiência ainda. As experiências serão
        descritas nos próximos artigos.
 Boa audição a todos!!
 
        
		Atenção: Novos estudos e pesquisas, 
		mostram que a diferença entre a tensão entre fase-neutro e fase-terra 
		(medido com carga) não devem ser superiores a 1V tanto em 120V como em 
		redes 230V. Caso não se consiga valores tão baixos, recomendamos de 
		interligarem o aterramento TT realizado ao aterramento TN que deve 
		existir na entrada de energia do domicílio logo após o relógio de 
		medição, como recomendam as concessionárias. Veja 
		
					Audiophile News 47. 
		Veja também: Perguntas/Respostas 
                  sobre Energia Elétrica - 5a. Parte 
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